É no final do século XVIII, início do século XIX, na transição do classicismo para o romantismo que surge o “lied”, palavra alemã que podemos traduzir por canção. Este género consiste numa composição feita para ser tocada e cantada ao piano.
De forma a demonstrar a relação
entre a música e a literatura, irei analisar algumas das canções da “Bela Moleira”, de Franz Schubert.
No que diz respeito à primeira
canção, “Viajar”, podemos dizer que apresenta um ritmo lento associado ao
prazer de viajar “Oh, viajar eis o meu prazer, oh, viajar! ” contudo, há um
dinamismo dado pelas imagens da água e das rodas: “Ela não repousa nem de dia
nem de noite, Ela só pensa em correr a água. Nunca ficam imóveis, Infatigáveis
elas giram as rodas.” No meu entender a canção que apresenta um maior dinamismo
e, paradoxalmente, apresenta algumas passagens que se associam ao descanso e à
ideia de lentidão, é a que se intitula “Depois
do trabalho.” Ao analisar o ritmo das canções também foi interessante
reparar na forma como o piano acompanha o movimento da viagem, enfatizando
momentos da melodia e do texto, fazendo justiça às características que já
referi.
A música no século XIX apresenta um
caráter sentimental. O ciclo de canções da “Bela
Moleira” é um exemplo desse sentimentalismo. Sobressai na bibliografia de
Schubert a marca de um desgosto amoroso que pode ajudar na compreensão dos
ritmos.
Sem comentários:
Enviar um comentário