sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Junto ao ribeiro

 

Oh! Ribeiro, ribeiro,

Porque te poluíram a alma?

Que é do sol que brilhava junto a mim?

E ao sair das tuas águas de cipreste,

Deparo-me com o vento que bailava em mim.

E num abraço amargo de meu aspergir de alma,

Vou falando a Neptuno que me dissera olá,

Que me dissera adeus como uma flor.

 

Oh! Meu Neptuno desassossegado,

Tu que por entre a bruma esquecida,

Me fizeste sonhar com um ribeiro,

Ribeiro esse a quem contei tudo,

A quem não contei nada, nada.

Caio das mais altas instâncias que me fizeram chorar,

Que fizeram ser alguém capaz de mudar o mundo

E conservo em mim toda a felicidade de uma vida.

 

E se as catástrofes derivassem de uma flor?

Sinto-me como se tivesse o mundo,

Mundo esse guardado para as almas eternas,

Guardado para quem ficar junto ao ribeiro.

E vou ficando sem imaginação na alma,

Para escrever as mais belas canções de um ribeiro.

Observo o sol que, outrora escondido, deu-me o fruto.

E fico eternamente deitada sobre o leito de um ribeiro,

Que noutras alturas se esvaiu em sangue de uma flor.

 

Lê-se em Com passos.

 

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